Segunda, 14 de março de 2022
Nos últimos anos, as mudanças climáticas decorrentes do aquecimento global têm impactado consideravelmente a vida de populações de diferentes partes do globo. Uma das consequências é o surgimento dos chamados refugiados climáticos, pessoas que precisam se deslocar em busca de condições mínimas de sobrevivência como produção de alimentos e acesso a água.
O conceito de refugiado foi estabelecido, em 1951, na Convenção das Nações Unidas relacionada ao Estatuto dos Refugiados. Para que um indivíduo seja considerado como refugiado, deve ter saído de seu local de origem devido a um medo bem fundamentado de perseguição. A perseguição pode ter motivação racial, religiosa, de nacionalidade, opinião política ou social.
A partir desse conceito, nasceu outro termo: refugiados climáticos ou migrantes climáticos. Embora não seja reconhecido oficialmente, vem ganhando cada vez mais as manchetes. Esse grupo é constituído por pessoas que precisaram deixar seu lar devido a desastres ambientais. O aquecimento global vem tornando essas ocorrências cada vez mais frequentes.
O reconhecimento da existência dos chamados refugiados climáticos levaria a um grande impacto político e econômico no mundo. Outro ponto que pode justificar esse não-reconhecimento é que geralmente o deslocamento desses refugiados acontece dentro das fronteiras de seus próprios países. Algumas regiões do planeta serão mais afetadas do que outras pelas mudanças climáticas.
No Brasil, por exemplo, a região Nordeste tende a ser mais afetada pelas mudanças climáticas do que outros pontos do país. Há a possibilidade de que se tenha início um processo de desertificação. Se essa possibilidade se tornar realidade, pode levar milhares de pessoas a se deslocar para outras regiões.
É imprescindível ter um plano de ação, pois ignorar esse problema pode colocar a população em risco. Tal movimentação de refugiados climáticos gera uma situação complicada para o país, uma vez que esse grande volume de pessoas precisará se abrigar em outras regiões.
De acordo com dados divulgados pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados, desde 2010 cerca de 22 milhões de pessoas já se deslocaram devido a mudanças climáticas. Furacões, enchentes, ciclones entre outros desastres súbitos são apenas uma parte tímida dessa equação complexa.
A questão do aquecimento global precisa ser observada com atenção, pois vem gerando uma série de dificuldades, incluindo prejuízos para as plantações e para a criação de gado. Nesse contexto, a alimentação vem ganhando um status mais complexo.
Outra consequência desse processo de aquecimento global é o aumento do nível do mar. Para se ter uma ideia, somente nos últimos 30 anos cresceu em 100 milhões o número de pessoas vivendo em regiões de costa ameaçadas de submersão.
Todo o planeta é afetado pelo aquecimento global, no entanto, algumas regiões se mostram mais vulneráveis do que outras. De maneira geral, essas regiões não possuem recursos disponíveis para se adaptar a situações hostis resultantes de incêndios, tempestades, entre outros. Populações inteiras podem se ver de um momento para o outro na iminência de se deslocar.
Essa urgência faz com que as pessoas acabem se deslocando para regiões e países sobre os quais quase nada sabem. A ajuda internacional é determinante para alocar essas pessoas, permitindo que elas reconstruam as suas vidas em um novo lar.
Um dos pontos mais vulneráveis do planeta em relação às mudanças climáticas é o Sahel. Essa região fica localizada entre o Sul do continente e o deserto do Saara. Lá há um grande deslocamento decorrente das mudanças climáticas.
Um agravante é o fato de que essa região sofre com a pobreza e a violência. Já houve o deslocamento de mais de 3 milhões de pessoas. China, Bangladesh, Índia e Filipinas também sofrem consideravelmente com esse deslocamento de viés climático.
Segundo relatório do Banco Mundial, a América Latina pode alcançar a marca de 17 milhões de pessoas forçadas a se deslocar até o ano de 2050, somente pelas mudanças climáticas. No mundo todo, esse número pode chegar a 216 milhões de pessoas. De todo esse montante, 40% seria apenas de pessoas vindas da África Subsaariana.
Como já mencionamos, o Brasil tem algumas áreas mais vulneráveis às mudanças climáticas, como o Nordeste, por exemplo. Com as temperaturas cada vez mais elevadas, é possível assistir ao avanço do processo de desertificação. Porém, outras regiões demandam atenção, como a Amazônia, que pode passar por estiagens consideráveis.
As tempestades intensas representam uma grande preocupação para a região Sul do país. O volume intenso de chuvas contribui para enchentes e deslizamentos. Em conjunto, essas regiões têm mais de 150 milhões de habitantes. Grande parte dessas pessoas pode se ver em uma situação de vulnerabilidade nos próximos anos.
Essa questão está chamando a atenção das autoridades e instituições privadas do mundo todo pela proporção que está adquirindo. Há países que enxergam essa migração com grande desconfiança e até mesmo uma questão de segurança nacional.
A visão de que os refugiados são danosos para as regiões que procuram precisa ser desconstruída, pois não corresponde à realidade. Por exemplo, nos Estados Unidos, cerca de 40% das 500 empresas de maior porte do país foram fundadas por imigrantes ou filhos de imigrantes. Esse dado é da Refugee Investment Network e deixa evidente que os imigrantes chegam ao seu novo lar com o desejo de produzir e fazer a diferença.
Cada vez mais o mundo assiste ao surgimento de mais refugiados climáticos!