Quinta, 15 de julho de 2021
A imigração japonesa no Brasil teve início no começo do século passado, como uma forma de resolver demandas das duas nações. O Brasil precisava de mão de obra para o trabalho nas fazendas de café e o Japão precisava aliviar o seu elevado índice demográfico. Continue a leitura para conhecer mais sobre a história da chegada dos japoneses ao nosso país e sua influência em nossa cultura.
A chegada do navio Kasato Maru em Santos, no dia 18 de junho de 1908, é o marco inicial da imigração japonesa para nosso país. A embarcação partiu do porto de Kobe com os 781 primeiros imigrantes vinculados ao acordo imigratório celebrado entre o Brasil e o Japão. Havia, ainda, 12 passageiros independentes no navio que levou 52 dias para chegar ao seu destino.
Embora, oficialmente, o Japão tenha enviado os primeiros imigrantes ao Brasil em 1908, houve quatro japoneses que chegaram por aqui anteriormente. Eles estavam a bordo do barco Wakamiya Maru. Em 1803, a embarcação afundou na costa japonesa. Um navio de guerra russo resgatou os náufragos, mesmo sem poder desviar de sua rota.
Na volta, o barco aportou no Porto de Desterro (atual Florianópolis, Santa Catarina) para conserto. A embarcação ficou no Brasil entre os dias 20 de dezembro de 1803 e 4 de fevereiro de 1804. Os japoneses fizeram registros relevantes da vida dos brasileiros e da produção agrícola local.
De forma incidental, outros japoneses passaram pelo Brasil, porém, considera-se como a primeira visita oficial a que ocorreu em 1880, quando houve a tentativa de um acordo diplomático e comercial.
Em 16 de novembro de 1880, o vice-almirante Artur Silveira da Mota (futuro Barão de Jaceguai) deu início às negociações para o estabelecimento de um Tratado de Amizade, Comércio e Navegação entre Brasil e Japão. Contudo, foi somente em 5 de novembro de 1895 que os dois países assinaram o tratado em Paris, na França.
Antes da assinatura do tratado, o Brasil já havia autorizado as imigrações japonesas e chinesas por meio do Decreto Lei 97 de 5 de outubro de 1892. Em 1894, o deputado Tadashi Nemoto visitou o Brasil para conhecer melhor o país, bastante satisfeito ele o recomendou para receber os imigrantes orientais.
Os primeiros japoneses que viriam para trabalhar nas lavouras de café deveriam embarcar em 1897. No entanto, a crise do preço do produto fez com que a viagem fosse cancelada. O governo brasileiro publicou a Lei da Imigração e Colonização em 1907, possibilitando que cada Estado definisse a maneira mais conveniente de instalar os imigrantes.
Ainda em 1907 foi fechado um acordo entre Japão e o Brasil para que 3 mil imigrantes embarcassem em um período de três anos. Em 28 de abril de 1908, o navio Kasato Maru deixou o Japão rumo a uma nova vida para os imigrantes no Brasil.
Inicialmente, os 793 japoneses recém-chegados foram distribuídos para trabalhar em seis fazendas de São Paulo. No entanto, foi muito difícil a adaptação dos novos trabalhadores a uma cultura tão diferente da sua. Para se ter uma ideia, em setembro de 1909, somente 191 dos 793 japoneses permaneciam nas fazendas contratantes.
No dia 28 de junho de 1910 chegou o segundo grupo de imigrantes japoneses, um total de 906 trabalhadores a bordo do navio Ryojun Maru. Esse grupo também enfrentou problemas para se adaptar. Contudo, conforme o tempo foi passando, a taxa de permanência nas fazendas aumentou.
Em fevereiro de 1911, cinco famílias de imigrantes japoneses se tornaram proprietárias de terra, adquirindo lotes junto à Estação Cerqueira César, da Estrada de Ferro Sorocabana. Fazia parte do projeto de colonização Monções estabelecido pelo Governo Federal. É interessante mencionar que essas famílias foram as primeiras a cultivar algodão.
Outras famílias de imigrantes japoneses foram assentadas em terras doadas pelo governo de São Paulo em março de 1912. O estabelecimento se deu na região de Iguape, em decorrência de contrato celebrado entre uma empresa japonesa e o poder público. O projeto bem-sucedido iniciou com cerca de 30 famílias.
Ainda em 1912, os imigrantes chegaram ao estado do Paraná através de uma família oriunda da província de Fukushima que se estabeleceu na Fazenda Monte Claro, em Ribeirão Claro. Mais 107 imigrantes japoneses chegaram ao Brasil em agosto de 1913, dessa vez, com o objetivo de trabalhar em uma mina de ouro em Minas Gerais. Esses foram os únicos mineiros da história da imigração.
Em 1914, o governo de São Paulo anunciou que não iria mais subsidiar o pagamento das passagens dos imigrantes por estar em uma situação financeira ruim. Porém, a imigração continuou acontecendo devido a abertura de novas comunidades rurais que utilizavam a mão de obra vinda do Japão. Nesse período, dezenas de imigrantes pereceram diante de um surto de malária na Colônia Hirano, em Cafelândia. A doença era, até então, desconhecida para os japoneses.
O crescimento do número de colônias agrícolas japonesas nesse período se refletiu no surgimento de escolas primárias direcionadas para os filhos dos imigrantes. As duas primeiras professoras oficiais provenientes da comunidade se formaram em 1918, as irmãs Kumabe.
Em 1923, se formou o primeiro dentista de origem japonesa pela Escola de Odontologia de Pindamonhangaba. Ainda que a adaptação caminhasse bem, os japoneses precisaram enfrentar certa resistência de descontentes com a sua presença. Opiniões a favor e contra a entrada de imigrantes japoneses no Brasil fervilhavam.
No ano de 1938, antecedente ao início da Segunda Guerra Mundial, houve limitação das atividades educacionais e culturais japonesas por parte do governo federal. Em dezembro do mesmo ano, o governo decretou o fechamento de todas as escolas estrangeiras, especialmente as japonesas, italianas e alemãs.
As publicações em japonês foram proibidas de circular em 1940. Em 1941, as últimas correspondências do Japão chegaram ao país. Durante a Segunda Guerra Mundial, a comunidade japonesa no Brasil sofreu com severas restrições, inclusive confisco de bens.
Yukishige Tamura foi eleito vereador da cidade de São Paulo em 1948, o primeiro nikkey a ser eleito em uma capital. Em 1949, Brasil e Japão retomam o comércio através de um acordo bilateral.
Em 1950, o governo brasileiro anunciou a liberação de bens que haviam sido confiscados dos imigrantes de países do Eixo. No ano seguinte, foi aprovado o projeto para a introdução de mais 5 mil famílias imigrantes no Brasil.
As primeiras empresas japonesas se estabeleceram no Brasil em 1953. O número de japoneses e descendentes já somava 404.630 pessoas no cinquentenário da imigração. As eleições de 1962 teve seis nisseis eleitos, sendo três para a Câmara Federal e três para a Assembleia Legislativa de São Paulo. No ano de 1973, chegou ao porto de Santos o último navio de imigrantes japoneses, o Nippon Maru.
A imigração japonesa foi de grande relevância para o Brasil. Navegue pelo blog do Hexag para conferir mais conteúdos de história, além de dicas para o Enem e o vestibular!