Filologia, história e língua: veja olhares sobre o português medieval

Segunda, 7 de março de 2022

Filologia, história e língua: veja olhares sobre o português medieval

Escrito por quatro especialistas, o livro “Filologia, história e língua: olhares sobre o português medieval”, é uma excelente leitura para quem deseja compreender e comentar textos medievais. Ao longo deste artigo explicaremos, mais detalhadamente, no que consiste a filologia. 

Conheça o livro “Filologia, história e língua: olhares sobre o português medieval”

Antes do lançamento dessa obra, havia uma lacuna no âmbito do português medieval. O texto deste livro é resultado da combinação do trabalho de três profissionais da área de letras, com especialização em filologia, linguística histórica e história da língua portuguesa, e um historiador especializado em história medieval. 

Esse livro tem o objetivo de intercalar os olhares filológico, histórico e histórico-linguístico. Já havia gramáticas históricas da língua portuguesa muito boas, assim como livros de filologia excelentes. Contudo, antes dessa publicação, faltava uma obra que estivesse voltada especificamente para o comentário de sincronias passadas, particularmente manuscritos medievais. 

A obra leva o leitor a acompanhar os pormenores do caminho filológico. Além disso, possui inúmeras atividades complementares bastante interessantes para o preparo dos estudantes focados nessa área.

O texto dos autores Célia Regina dos Santos Lopes, Mário Jorge da Motta Bastos, Leonardo Lennertz Marcotulio e Thiago Laurentino de Oliveira é primoroso. Esse texto é bastante didático e interessante para mergulhar no universo da filologia.

O que é filologia? Qual a relação da filologia com a história? 

A palavra filologia tem origem no grego “Φιλολογία”, que pode ser traduzido como “amor ao estudo” ou “amor à instrução”. Resumidamente, consiste no estudo da linguagem realizado a partir de fontes históricas. Dentre as possíveis bases dos estudos filológicos estão a linguística, a literatura e a história. 

Trata-se do estudo de textos literários e registros históricos com o objetivo de determinar a sua autenticidade e forma original. Refere-se, também, a determinação de significado desses textos e registros. Enquadram-se na categoria de filologia clássica a filologia grega e do latim clássico. 

Esse campo de estudo teve origem em Alexandria e Pérgamo, em cerca do século IV a.C.. Gregos e romanos deram sequência ao desenvolvimento da filologia durante o Império Romano e Bizantino.

Na chamada “Era dos Descobrimentos”, a filologia foi assumida pelos europeus. É interessante mencionar que nesse período existiam filólogos europeus (de origem celta, eslava, germânica, entre outras) e não europeus (de origem chinesa, persa, árabe entre outras). 

Também nessa época se desenvolveu nos estudos indo-europeus a filologia comparativa, que faz a comparação entre as línguas indo-europeias. A linguagem clássica, como um todo, pode ser submetida a estudos filológicos. O objetivo da filologia de vertente romântica é realizar o estudo de línguas e dialetos provenientes do latim vulgar.

Esse campo de estudo investiga as literaturas desde a sua origem até o momento atual. O português medieval é bastante interessante para nós brasileiros, uma vez que contribui para entender as origens da língua falada em nosso país. 

Filologia: contrastante a linguística

Como a filologia se propõe a realizar uma análise diacrônica (focada no desenvolvimento histórico) passou a ser encarada como algo que contrasta com a linguística.

Tal compreensão é resultado da grande insistência de Ferdinand de Saussure, no século XX, sobre a necessidade de fazer uma análise sincrônica. Posteriormente, nasceu o estruturalismo e a teoria linguística de Chomsky que enfatizava a sintaxe. 

Qual é a aplicação da filologia?

Basicamente, a função da filologia é ser uma ferramenta para investigar questões de datação, localização e edição de textos. O cumprimento desse papel é assegurado por uma caminhada, lado a lado, com a história e algumas de suas ramificações, como a história das religiões, por exemplo.

Também são bases da filologia a gramática linguística e a estilística da área de Letras. Outros segmentos de estudos que contribuem para a filologia são: papirologia, epigrafia e arqueologia. 

Com base em registros documentais, o profissional de filologia pode compreender e traçar o desenvolvimento geral. Vale ressaltar que, em muitas nações, o termo filologia diz respeito ao estudo de uma língua em conjunto com a literatura e seus contextos histórico e cultural. Compreender as obras literárias depende de conhecer esses e outros contextos importantes para a obra.

Sendo assim, fica claro que a filologia se estende por estudos de gramática, história, retórica, tradições, interpretação, entre outros. Contudo, essa definição mais ampla está se tornando mais rara. Nos dias atuais, é mais convencional associar o trabalho do filólogo com o estudo de um texto, partindo de sua perspectiva histórica da da linguística. 

Filologia: ciência próxima da linguagem humana

Usando essa definição mais restrita da filologia é possível entender esse campo de estudos como sendo uma das primeiras ciências a se desenvolver no século XIX a se aproximar da linguagem do ser humano.

A filologia foi crucial para direcionar a ciência moderna da linguística no século XX através da influência de Ferdinand de Saussure que argumentava sobre a importância da primazia da linguagem falada. 

Nos Estados Unidos, em 1880, foi criado o “Jornal Americano de Filologia”. O fundador foi Basil Lanneau Gildersleeve, professor de Filologia Clássica na Johns Hopkins University. O estudo filológico foi determinante para o desenvolvimento da área de estudo da linguística de maneira geral. 

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Palavras-chave: história